SAPOTACEAE

Chrysophyllum splendens Spreng.

Como citar:

Eduardo Fernandez; Eduardo Amorim. 2019. Chrysophyllum splendens (SAPOTACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EOO:

346.154,176 Km2

AOO:

364,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Distribui-se nos estados de Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo e Rio de Janeiro (Carneiro; Almeida, 2011).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Categoria:
Justificativa:

Histórico:
Ano da valiação Categoria
2011 NT

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Árvore que ocupa floresta em diferentes estágios de regeneração. Está intimamente relacionada a C. paranaense e C. flexuosum. Difere bastante das espécies C. flexuosum e C. paranaense pelo seu indumento ferrugíneo característico e pela forma do fruto Pennington (1990), sua coloração é facilmente observada em campo.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Não
Detalhes: ​Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Em florestas no sul da Bahia quantificaram 3 ind/0,5ha com DAP ≥ 5 cm na RPPN Veracel (Carvalho 2011), 13ind./1ha com DAP ≥ 5cm em Una (Rocha-Santos, 2017) e 2ind/ 0,5ha com DAP ≥ 2,5 cm, na RPPN Serra Bonita (Rocha and Amorim 2012). Foram quantificadas 3ind/0,5ha com DAP ≥ 2,5 cm, em floresta de restinga no Norte do ES (Giaretta et al., 2013).
Referências:
  1. Carvalho, G.M. DE, 2011. INFLUÊNCIA DE PROCESSOS ESTOCÁSTICOS SOBRE A ESTRUTURAÇÃO DE COMUNIDADES EM FLORESTA DE TABULEIROS, BAHIA, BRASIL. Diss. apresentada ao Programa Pós-graduação em Ecol. e Conserv. da Biodiversidade da Univ. Estadual St. Cruz 61.
  2. Giaretta, A., Menezes, L.F.T. de, Pereira, O.J., 2013. Structure and floristic pattern of a coastal dunes in southeastern Brazil. Acta Bot. Brasilica 27, 87–107. https://doi.org/10.1590/s0102-33062013000100011
  3. Rocha, D.S.B., Amorim, A.M.A., 2012. Heterogeneidade altitudinal na Floresta Atlântica setentrional: um estudo de caso no sul da Bahia, Brasil. Acta Bot. Brasilica 26, 309–327.
  4. Rocha-Santos, L., 2017. EFEITO DA COBERTURA FLORESTAL NA ESTRUTURA, COMPOSIÇÃO E DIVERSIDADE FUNCIONAL REPRODUTIVA DA COMUNIDADE ARBÓREA, EM PAISAGENS DE FLORESTA ATLÂNTICA. Tese apresentada ao Programa da Pós- Grad. em Ecol. e Conserv. da Biodiversidade da Univ. Estadual St. Cruz 160.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Semidecidual
Habitats: 1 Forest, 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvore de até 22m de altura e 25 cm de diam. com látex branco. Flores esverdeadas (Penninton, 1990). Possui nomes populares bapeba, bapeba-pedrim, língua-de-vaca (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018). Oliveira et al. (2010) identificou o uso dos frutos na alimentação de Mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas). Desenvolve-se em floresta ombrófila densa costeira (Pennington, 1990), floresta primária e cabruca (Oliveira et al,. 2010).
Referências:
  1. Pennington, T.D., 1990. Flora neotropica – Sapotaceae. 777p.
  2. Chrysophyllum in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB14466>. Acesso em: 28 Jun. 2019
  3. Oliveira, L.C., Hankerson, S.J., Dietz, J.M., Raboy, B.E., 2010. Key tree species for the golden-headed lion tamarin and implications for shade-cocoa management in southern Bahia, Brazil. Anim. Conserv. 13, 60–70. https://doi.org/10.1111/j.1469-1795.2009.00296.x

Reprodução:

Detalhes: Espécie arbórea hermafrodita, com floração de janeiro a abril e agosto a setembro e frutificação agosto a novembro (Pennington, 1990), polinizada por quirópteros e dispersão zoocórica (Rolim et al., 2016).
Fenologia: flowering (Jan~Apr), flowering (Aug~Sep), fruiting (Aug~Nov)
Síndrome de polinização: quiropterophily
Síndrome de dispersão: zoochory
Sistema sexual: hermafrodita
Referências:
  1. Pennington, T.D., 1990. Flora neotropica – Sapotaceae. 777p.
  2. Rolim, S.G., Peixoto, A.L., Pereira, O.J., Araujo, D.S.D. de, Nadruz, M., Siqueira, G., Menezes, L.F.T. de, 2016. Angiospermas da Reserva Natural Vale, na Floresta Atlântica do Norte do Espírito Santo. Floresta Atlântica Tabul. Divers. e Endem. na Reserv. Nat. Val. 167–230.

Ameaças (5):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1 Residential & commercial development habitat past,present,future regional very high
Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003).
Referências:
  1. Simões, L.L., Lino, C.F., 2003. Sutentável Mata Atlântica: a exploração de seus recursos florestais. São Paulo: Senac.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1 Annual & perennial non-timber crops habitat past,present,future regional very high
As imagens de satélite mostram o litoral de Sergipe, o litoral norte e boa parte do litoral sul da Bahia cobertos por extensas áreas de cultura de coqueiro (Cocos nucifera), uma planta introduzida inicialmente na Bahia pelos portugueses no século XVI, que se espalhou rapidamente por todo litoral do nordeste brasileiro (Siqueira, Aragão e Tupinambá 2002). As restingas e as florestas de baixada da Bahia e Sergipe estão sendo drasticamente devastadas para ceder lugar às plantações de coqueiro (M. Gomes com. pess.). A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003, Saatchi et al., 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de "sistemas de cabruca". Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004, Saatchi et al., 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004).
Referências:
  1. Siqueira, L.A., Aragão, W.M., Tupinambá, E.A. 2002. A introdução do coqueiro no Brasil. Importância histórica e agronômica histórica e agronômica. (Embrapa Tabuleiros Costeiros. Documentos, 47). Disponível em http//www.cpatc.embrapa.br
  2. Alger, K., Caldas, M., 1996. Cacau na Bahia: Decadência e ameaça a Mata Atlântica. Ciência Hoje, 20, 28-35.
  3. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil, in: Prado, P.I., Landau, E.C., Moura, R.T., Pinto, L.P.S., Fonseca, G.A.B., Alger, K. (Orgs.), Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do sul da Bahia. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, p. 1–15.
  4. Paciencia, M.L.B., Prado, J., 2005. Effects of forest fragmentation on pteridophyte diversity in a tropical rain forest in Brazil. Plant Ecol. 180, 87–104.
  5. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat past,present,future national very high
Soffiati (2011) descreve a história da devastação das florestas estacionais do Norte-Noroeste Fluminense entre os períodos colonial e republicano. Inicialmente, a mata foi derrubada pela exploração madeireira, que visava madeiras nobres para uso na agroindústria canavieira, e depois pela agricultura extensiva cafeeira e a criação de bovinos. Em um cenário mais recente, é crescente a ocupação da pela monocultura do eucalipto na região Noroeste Fluminense (Burla, 2011), assim como no sul do Espirito Santo. Nesta região, o eucalipto é a segunda principal atividade agrícola, além de apresentar crescimento quando comparado ao café (SEAMA 2018). A exploração de florestas naturais no Espírito Santo teve um caráter predatório e entrou em declínio no final da década de 1960 e início da década de 1970, com o esgotamento das reservas florestais nativas e com o aumento do custo de transporte de madeira proveniente de áreas mais distantes (Siqueira, et al. 2004). O CEPE possui uma longa história de fragmentação, iniciada em 1500 com o ciclo da madeira do Brasil, e posteriormente intensificada com o ciclo de exploração da cana-de-açúcar. Primeiro, a valiosa madeira do Brasil (Caesalpinia echinata) foi explorada, mas logo o uso extrativo deu lugar ao desmatamento da floresta para o cultivo de cana-de-açúcar (Prado, 1976). Os moinhos usavam madeira para energia, desflorestamento aumentou no século 19, quando maquinaria a vapor foi introduzida.
Referências:
  1. Burla, R.S., 2011. A cadeia produtiva da silvicultura como opção de desenvolvimento sustentável para as regiões norte e noroeste fluminense. Dissertação de Mestrado. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense. 160p.
  2. SEAMA - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, 2018. Atlas da Mata Atlântica do Espírito Santo: 2007-2008/2012-2015. Sossai, m.F. (coord.). Cariacica, ES.
  3. Siqueira, J.D.P., Lisboa, R.S., Ferreira, A.M., de Souza, M.F.R., de Araújo, E., Júnior, L.L., de Meirelles Siqueira, M., 2004. Estudo ambiental para os programas de fomento florestal da Aracruz Celulose SA e extensão florestal do Governo do Estado do Espírito Santo. Floresta, 34(2).
  4. Prado, C.Jr. 1976. Historia economica do Brasil. 364 p. Editora Brasiliense.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.1 Hunting & collecting terrestrial animals habitat past,present regional high
As "áreas protegidas" são pequenas e desprotegidas (Dias et al.1990), e a caça de subsistência é generalizada (Almeida et al. 1995).
Referências:
  1. Dias, I.S., Camara, I.G., Lino, C.F. 1990. Workshop mata Atlântica: problemas, diretrizes e estratégias de conservação. Fundação SOS Mata Atlântica, São Paulo, Brazil
  2. Almeida, R.T., Pimentel, D.S., Silva, E.M.C. 1995. The red-handed howling monkey in the State of Pernambuco, Northeast Brazil. Neotrop Primates 3:174–176.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5 Biological resource use habitat past,present,future regional very high
Grande parte da fragmentação da floresta tropical provavelmente ocorreu 300 ± 500 anos atrás, pelas atividades humanas como, agricultura, pecuária, desmatamento, extração e caça espécies. A atual situação alarmante do PEC ocorreu devido à remoção da vegetação nativa (Olmos, 2005, Silveira et al., 2003a). Atualmente, existem apenas 157 áreas protegidas na região (Paula, 2012). Em comparação com outros setores da Mata Atlântica, o centro de Pernambuco é o que tem sido mais severamente impactado por seres humanos, além de ser o menos conhecido e protegido (Coimbra-Filho, Camara 1996). Os remanescentes florestais estão altamente fragmentados, e os numerosos pequenos fragmentos estão espalhados em uma matriz que certamente é prejudicial à sobrevivência deles em longo prazo, podendo levar a extinção de espécies nos remanescentes da floresta tropical (Turner et al., 1994, 1996). Tem sido demonstrado que os sérios distúrbios ambientais no CEPE levaram algumas espécies ao limite da capacidade de carga do meio ambiente, aumentando significativamente a competição por comida e território.

Ações de conservação (3):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie foi avaliada como "Vulnerável" (VU) à extinção na lista vermelha da IUCN (Pires O'Brien, 1998).
Referências:
  1. Pires O'Brien, J., 1998. Chrysophyllum splendens. The IUCN Red List of Threatened Species 1998: e.T35393A9926325. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.1998.RLTS.T35393A9926325 (Acesso em 24 de setembro de 2019).
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada na ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL ALDEIA-BEBERIBE (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL COSTA DE ITACARÉ/ SERRA GRANDE (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA BACIA DO RIO MACACU (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE MURICÍ (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE PETRÓPOLIS (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL LAGOA ENCANTADA (US), RESERVA BIOLÓGICA DUAS BOCAS (PI), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL SANTO ANTÔNIO (US), ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE MURICI (PI), PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO CONDURU (PI), PARQUE ESTADUAL DE ITAÚNAS (PI), PARQUE MUNICIPAL NATURAL DA BOA ESPERANÇA (PI), PARQUE NACIONAL DA SERRA DAS LONTRAS (PI), PARQUE NACIONAL DA SERRA DOS ORGÃOS (PI), PARQUE NACIONAL PAU BRASIL (PI), REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE DE UNA (PI), REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE MATA DA USINA SÃO JOSÉ (PI), RESERVA BIOLÓGICA AUGUSTO RUSCHI (PI), RESERVA BIOLÓGICA DE POÇO DAS ANTAS (PI), RESERVA BIOLÓGICA DE UNA (PI) e RESERVA FLORESTAL DE LINHARES.
Ação Situação
5 Law & policy needed
A espécie ocorre em territórios que possivelmente serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - TER33 (ES) e Território Itororó - TER35 (BA).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.